O Museu Nacional de Etnologia é indissociável da história da antropologia portuguesa. Nele se projeta uma dimensão fundamental do trabalho dos pioneiros desta disciplina no país, como Jorge Dias, Margot Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, entre outros. Em 1965, o Museu é criado com o ambicioso programa de representar as culturas dos povos do globo, não se restringindo nem a Portugal, nem aos domínios ultramarinos sob a sua administração.
O edifício onde o Museu se encontra atualmente foi inaugurado em 1976, com desenho do arquiteto António Saragga Seabra. Em 2000, o arquiteto Eduardo Trigo de Sousa dá forma ao projeto de ampliação do edifício, criando-se um espaço de biblioteca/mediateca, duas áreas de reserva e o jardim envolvente. As novas reservas, agora visitáveis – Galerias da Vida Rural e Galerias da Amazónia – foram inauguradas em 2000 e em 2006, respetivamente.
Do diversificado acervo do museu, importa referir a preocupação que acompanhou a constituição sistemática das suas principais coleções. Assim foi com aquelas que se referem ao domínio da cultura material em contexto português, que corresponde a campos de investigação traduzida em monografias que fornecem o quadro de interpretação para os objetos coletados. São disso exemplo os estudos sobre os arados, os sistemas de atrelagem, os equipamentos associados às atividades agro-marítimas, a tecnologia têxtil, a generalidade da alfaia agrícola. Outras coleções foram resultado de campanhas conduzidas de modo a representar outras áreas do globo, no sentido da afirmação universalista do museu, o que aconteceu, por exemplo, com a Amazónia brasileira ou a Indonésia, entre meados dos anos 60 e o começo dos anos 70.
São duas as principais ideias que afirmam o programa museológico do Museu Nacional de Etnologia: a ausência de exposição permanente, privilegiando as exposições temporárias que permitem problematizar, aprofundar o conhecimento e divulgar junto do público coleções e temas específicos; e a organização de reservas de modo a facultar o seu acesso aos investigadores e uma perceção visual da totalidade do seu acervo.
Uma das vertentes do trabalho do grupo de antropólogos que criou o Museu Nacional de Etnologia foi o recurso à imagem. Com eles, começa a constituição de um fundo documental de capital importância para o conhecimento do país, constituído por fotografia em todo o tipo de suporte, por filme em película e, a partir dos anos 90, por gravações vídeo. Além destes arquivos de imagem, também os arquivos sonoros são um campo de conservação patrimonial e de consulta parcialmente acessíveis na Biblioteca/Mediateca do Museu.