Paradigma das origens da nacionalidade e da própria figura de D. Afonso Henriques, o Castelo de Guimarães é um dos monumentos mais representativos do imaginário medieval português.
A sua construção inicial remonta ao tempo de Mumadona Dias, que o mandou edificar em meados do século X, com o objetivo de defender o Mosteiro de Santa Maria de Guimarães dos ataques de muçulmanos e normandos. Esse primitivo castelo, encaixado entre os afloramentos graníticos, deve ter sido erguido em madeira e dele poucos vestígios nos restam.
Nos finais do século XI, durante o governo dos condes D. Henrique e D. Teresa, o Castelo sofreu uma reforma profunda, de que restam vestígios sobretudo na fachada Norte, voltada ao Campo de S. Mamede, onde a base dos muros apresenta uma fase diferente, com pedras de grande dimensão. Esses vestígios documentam um recinto com planta arredondada. Foi esse Castelo que enfrentou as forças de Afonso VII de Leão e Castela, quando o monarca levantou cerco ao infante D. Afonso Henriques.
No século XII, no tempo do nosso primeiro monarca, passou a abranger o perímetro atual, mas ainda sem as suas oito torres. No reinado de D. Afonso III ou de D. Dinis, foram-lhe acrescentados os oito torreões do seu perímetro e a sua torre de menagem. Foi na segunda metade do século XIII, com as reformas góticas, que o Castelo de Guimarães adquiriu a sua forma atual. Por essa altura, a fronteira do reino já estava demasiado arredada, conferindo-lhe um papel cada vez mais secundário.
No século XV ainda manteve alguma relevância, mas a partir dos finais de quatrocentos foi-se esvaziando de importância militar e estratégica. As fronteiras estavam muito afastadas e as armas tinham evoluído para a pirobalística (as “armas de fogo”). A partir dos primeiros anos do século XVI, sem função militar, passou a ser utilizado como cárcere. Foi apenas no século XIX que os portugueses se reconciliaram com o Castelo de Guimarães, passando a ser reconhecido como estrutura emblemática da Idade Média portuguesa. Classificado como Monumento Nacional em 1881, adquiriu um valor emblemático incontornável, muito fomentado pelo Estado Novo, responsável por uma profunda intervenção de restauro, iniciada em 1936 e concluída em 1940.