A Casa-Museu Fernando de Castro foi a residência de uma família de colecionadores de pintura, escultura e artes decorativas. Coube à última herdeira, Maria da Luz de Araújo Castro, doar ao Estado o imóvel e recheio, cumprindo postumamente o desejo do seu irmão, Fernando de Castro, de fundar um museu público. Por decreto de 15 de dezembro de 1951, foi classificada e anexada ao Museu Nacional Soares dos Reis.
A decoração interior da Casa-Museu é dominada por uma atmosfera revivalista, onde sobressai o trabalho da talha e domina a arte sacra, transmitindo ao espaço um certo espírito de antiquário, em consonância com o culto dos estilos nacionais e das antiguidades em finais do século XIX. Constitui por isso um dos raros ambientes do romantismo tardio na cidade do Porto.
Estudos recentes indicam que a decoração fixa da casa corresponde à época da sua construção, entre 1893 e 1908, incluindo lambris de madeira entalhada, de fabrico moderno ou restaurada, tetos de caixotão, espelhos, mobiliário, papéis de parede, lustres e lanternas. Este revestimento original parece resultar de um verdadeiro projeto de interiores, concebido com ostentação e dentro de um gosto atualizado seguido pelo fundador da casa, Fernando António de Castro. É de notar que este negociante da Rua das Flores provinha de um ambiente instruído, sendo filho de um tabelião e membro da família Campos Melo, próspera nos lanifícios da Covilhã.
Tendo vivido na freguesia da Sé, o empreendedor decidiu mudar-se para a zona das Antas em 1893. Esta é a data de aprovação da casa que mandou construir com dois pisos na rua de Costa Cabral, a que se sucedeu uma ampliação em 1908, incluindo uma cozinha junto à sala de jantar no primeiro piso e a construção de um terceiro piso para quatro quartos e duas salas. Após a sua morte, questões familiares conduziram à ocultação de todos os documentos referentes à herança, transmitida em 1918 aos seus dois filhos, Maria da Luz e Fernando de Castro, o herdeiro da casa.
O acervo da Casa-Museu Fernando de Castro é constituído por diferentes coleções reunidas ao longo de várias décadas. É constituído, maioritariamente, por arte religiosa com representações eruditas e de cariz popular, pintura naturalista portuguesa e artes decorativas. Destaca-se, ainda, um interessante núcleo de caricaturas e alguns livros da autoria de Fernando de Castro, colecionador, artista e poeta. No essencial, a disposição dos objetos pelas salas é bastante fiel à deixada pela sua irmã, Maria da Luz.